quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Qual o valor da vida de um jovem negro? Em 2016, a cada 10 suicídios em adolescentes e jovens seis ocorreram em negros.

Quando se pensa em Saúde Mental, é importante reconhecer as vulnerabilidades individual e social. Alguns grupos da população são mais vulneráveis, como mulheres, pessoas da comunidade LGBTQIA+, pessoas negras,  que outros e esses compartilham desafios comuns relacionados à sua posição social e econômica, apoio social e condições de vida, incluindo: enfrentamento de estigma e discriminação; vivência de situações de violência e abuso; restrição ao exercício de direitos civis e políticos; exclusão de participação na sociedade; acesso reduzido aos serviços de saúde e educação; e exclusão de oportunidades de geração de rendas e trabalho. Todos esses fatores contribuem para o aumento da marginalização e vulnerabilidade das pessoas afetadas, gerando impacto no seu bem estar e na sua saúde mental o que pode levar ao suicídio. 

Segundo a OMS, morrem no mundo em média 800 mil pessoas todos os anos por suicídio, sendo que esta é a principal causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos.

De acordo com o estudo "Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros 2012 a 2016" feito pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de Brasília, entre todos os adolescentes e jovens, o número de suicídios é bastante elevado no Brasil. De 2012 a 2016, ocorreram em média 11 mil suicídios na população geral e 3.043 suicídios entre adolescentes e jovens, colocando o suicídio como a quarta causa de morte nesses grupos etários.

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra reconhece o racismo, as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional como determinantes sociais das condições de saúde. 

Um dos grupos vulneráveis mais afetados pelo suicídio são os jovens e sobretudo os jovens negros, devido principalmente ao preconceito e à discriminação racial e ao racismo institucional. 

Muitas vezes as queixas raciais podem ser subestimadas ou individualizadas, tratadas como algo pontual, de pouca importância e ainda culpabilizando aquele que sofre o preconceito.

As principais causas associadas ao suicídio em negros são: a) o não lugar, b) ausência de sentimento de pertença, c) sentimento de inferioridade, d) rejeição, e) negligência, f) maus tratos, g) abuso, h) violência, i) inadequação, j) inadaptação, k) sentimento de incapacidade, l) solidão, m) isolamento social. Outros fatores relacionados: a) não aceitação da identidade racial, sexual e afetiva, de gênero e de classe social.

A tendência da taxa de mortalidade por suicídio entre adolescentes e jovens negros apresentou um crescimento estatisticamente significativo no período de 2012 a 2016. Por outro lado, a taxa de mortalidade por suicídio entre os brancos permaneceu estável, isto é, a variação não foi significativa  estatisticamente. Analisando esses dois grupos em 2016, nota-se que a cada 10 suicídios em adolescentes e jovens, aproximadamente seis ocorreram em negros e quatro em brancos, ou seja, o risco de suicídio foi 45% maior em adolescentes e jovens negros comparados aos brancos. Entre os adolescentes do sexo masculino, o número de suicídios entre os negros foi maior em todo os anos observados.

O RACISMO ESTRUTURAL E ESTRUTURANTE ADOECE, O RACISMO MATA. VIDAS NEGRAS IMPORTAM. 

FONTE: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros 2012 a 2016 / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Universidade de Brasília, Observatório de Saúde de Populações em Vulnerabilidade – Brasília : Ministério da Saúde, 2018.


VIVA PAULO FREIRE!




 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo. O SUICÍDIO É PREVENÍVEL!


De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo, totalizando quase um milhão de pessoas todos os anos. Você consegue imaginar que, ao final da leitura deste informativo, aproximadamente 75 pessoas cometeram suicídio?

O suicídio foi e continua sendo um tabu entre a maioria das pessoas em quase todas as sociedades, porém relegar o tema à categoria de tabu não ajuda a diminuir riscos. É um assunto proibido e que agride várias crenças religiosas. O tabu também se sustenta porque muitos veem o ato suicida como uma fraqueza do sujeito, algo sobre o qual a pessoa teria condições de atuar e não o faz. Apesar dos fatores que contribuem para o suicídio variarem entre grupos e populações específicas, os mais vulneráveis são os jovens, os mais idosos e os socialmente isolados, como a população indígena. 

Homens normalmente se matam mais, embora as mulheres tentem mais vezes. Os comportamentos suicidas podem variar desde a ideia de tirar a própria vida, que pode ser comunicada por meios verbais e não verbais, até o planejamento do ato, a tentativa e, no pior dos casos, a morte.

As mortes trazem consigo denúncias ou manifestações de coisas que se dão no âmbito da vida e da saúde de uma determinada sociedade, essas mortes específicas, intencionalmente provocadas, também vão explicitar essas questões. E aqui se fala do suicídio na sociedade capitalista, sociedade esta que é fundada na exploração e profundamente marcada pela opressão, pela desigualdade, pela competitividade e pelo individualismo, sendo necessário levar em consideração esse contexto ao se analisar as ideações, tentativas e suicídios consumados. O comportamento suicida pode ser prevenido.

Não falar sobre suicídio pode ter um efeito tão devastador quanto falar de maneira inadequada. Um suicídio é um ato de desespero. Comumente, só falamos em suicídio quando uma pessoa famosa se mata. Não se pode glamourizar um suicídio, transformar o suicida em herói.

Quem está perto também pode ajudar, mas é importante tratar das causas específicas básicas que levam uma pessoa a se matar. Como um sério problema de Saúde Pública, a prevenção do comportamento suicida não é uma tarefa fácil, mas as pessoas que precisam de ajuda podem recorrer ao Centro de Valorização da Vida (CVV), grupo de voluntários que oferecem apoio emocional gratuito. E já existem programas de saúde pública que oferecem esse serviço em algumas regiões do país.

A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Seja um “ombro amigo” porque talvez a pessoa que pensa em cometer o suicídio possa sentir abertura para desabafar. Neste momento, ter alguém para ouvi-la pode fazer toda a diferença. O suicídio pode ser evitado. Viva a Vida!