"Neste cenário de flagrantes transformações, existem terríveis permanências. De modo que a internet se mostra como um lugar onde se possa estar a salvo. Sobretudo para aqueles/as que, historicamente, tiveram seus desejos proscritos. Regular a exposição física no intuito de evitar violências de diversas ordens é uma possibilidade muito recente e que pauta outros roteiros para a paquera. Diante da histórica marginalização dos locais de encontros gays, o serviço comercial dos aplicativos acena com o que antes era praticamente impossível: buscar um parceiro do mesmo sexo sem se expor no espaço público, ou seja, sem temor, vergonha e, fato a ser sublinhado, sem ter que reconhecer a si mesmo como parte do segmento homossexual. O chamado "meio gay", tido por muitos homens como um espaço físico contaminado e contaminante, parece se encerrar em uma geografia evitável". (Prefácio de Larissa Pelúcio, pg. 12-13)
"Assim, nas últimas décadas, quando assistimos à politização do sexo, passamos a também a viver a privatização do desejo homossexual. O match substituiu o flerte, individualizando e higienizando os contatos. Os "fora do meio", os "machos", aqueles que não "miam" e nem são "afeminados" pedem "bom senso" e distância aos que não se assemelham. É uma época mais solitária e menos solidária do que aquela de Perlongher". (Prefácio de Larissa Pelúcio, pg. 13-14).
Um maravilhoso estudo etnográfico. Vale muito a pena ler este livro. À venda nas melhores livrarias em formatos físico e digital.
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