sexta-feira, 10 de junho de 2022

Mês do Orgulho LGBTQIA +. É preciso racializar as questões da comunidade.

Junho é o Mês do Orgulho da Comunidade LGBTQIA + no mundo inteiro. Desde os acontecimentos em Stonewall Inn, protagonizado por pessoas trans, pretas e latino-americanas -  como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, papéis fundamentais só reconhecidos nos últimos anos, esse Mês tem sido para demarcar a luta das existências não-normativas por uma vida digna, pelo direito de existir sem as violências estruturais. Diversidade é uma regra na natureza. 

Historicamente, pessoas LGBT+ têm sido submetidas a sanções sociais e assédio legal devido à orientação sexual, criminalizada sob pretextos de religião e moralidade. Na década de 1960, a homossexualidade foi classificada clinicamente como um transtorno mental. Foi só em 17 de maio de 1990 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), sendo importante frisar que, apesar dessa resolução internacional, cada país e cultura tem tratado a questão da homossexualidade de maneira diferente. O Brasil, por exemplo, por meio do Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar a orientação sexual como doença ainda em 1985, antes mesmo da resolução da OMS.

Décadas depois, os acontecimentos no Stonewall Inn são vistos como um momento decisivo e fundador do movimento pelos direitos dos homossexuais — um movimento que garantiu o reconhecimento generalizado dos direitos civis LGBT+ nos Estados Unidos (resistências e retrocessos têm ocorrido) e desencadeou outros movimentos de luta por direitos no mundo. No Brasil, em 19 de agosto de 1983, um protesto que ocorreria em um bar frequentado por mulheres lésbicas em São Paulo, o Ferros's Bar, ganharia o nome de "O pequeno Stonewall Inn" brasileiro. 

No Brasil, as pautas gerais do movimento não contemplam a população LBGT+ preta. Ainda temos que lutar para sobreviver. Temos um Estado negligente e violento no qual existe um padrão de violações sistemáticas que nos exclui do acesso à educação, à saúde e ao mercado formal de trabalho, principalmente para as pessoas trans. É preciso racializar a discussão e se atentar às necessidades das outras pessoas da comunidade, como as lésbicas, as travestis e transexuais e os bissexuais. Abandonar o GGGcentrismo é necessário. 

Pessoas da comunidade LGBT+, continuemos a lutar para existirmos e reexistirmos numa sociedade que nos nega a todo o momento o direito de existir. Viva a Diversidade! 





Nenhum comentário:

Postar um comentário